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merda no sapato: "Ai Portugal, Portugal... de que é que estás à espera?"

terça-feira, abril 03, 2007

"Ai Portugal, Portugal... de que é que estás à espera?"

Esqueço-me sempre do que vinha para aqui escrever... últimamente não tem havido muitos temas interessantes para falar. Sou sempre obrigado a discursar sobre as minhas cócegas no escroto e isso normalmente cria um sentimento de repulsa e desconfiança dos outros para comigo. Como devem saber, o meu sonho sempre foi ser escritor, quer dizer, sempre, a partir do momento em que tive essa ideia. É uma ideia estúpida, tal como muitas outras, em Portugal, em que o único trabalho que à nascença temos garantido é o de arrumador de carros.
Em Portugal arrumador de carros, é carreira garantida. O dinheiro que se pode obter com a actividade é muitas vezes superior ao ordenado mínimo e há ainda a vantagem de não se ter de aturar patrões nem realizar um esforço por aí além.
Admira-me que não haja um curso superior da arte da arrumação dos carros, quando existem tantos cursos desnecessários no país. Aqueles tiques gestuais, o jornalinho na mão, os gestos oscilatórios, metódicos, ora destorcendo para a direita ora destorcendo para a esquerda, necessitavam de ser ensinados, é uma enorme falta de respeito para com uma actividade tão nobre. Com a confusão nos estacionamentos não podemos dar-nos ao luxo de dispendermos destes serviços.
Queria propôr à Universidade Independente, que tem sido tão clarividente e tão boa a formar trolhas e primeiros-ministros e por vezes até os dois ao mesmo tempo, que comece a leccionar o curso. Mas por favor, não leiam aqui um tom de desprezo no meu texto, não tenho nada contra os trolhas, tenho tudo a favor dos trolhas, e reparem que digo trolhas em vez de constructores civís, o que não gosto particularmente é de primeiros-ministros. Eles não se sabem governar a si mesmos, quanto mais a um país, é só falsas promessas, contradições, estúpidas construcções.
O nosso país está podre a todos os níveis, Portugal está cheio de escritores, cheio de Margaridas Rebelo Pinto, políticos, gente com tachos, com tréns de cozinha, gente sem ideias, ou só com a ideia fixa, em cabeças provavelmente fixas com rascas colas, de ganhar dinheiro, mais dinheiro e mais dinheiro.
Portugal não passa de um importador, Portugal está cheio de escritores, guionistas, cantores que copiam ideias de outros, programas de televisão e novelas espanholas, brasileiras. Conteúdos sem nada de novo, iguais a outros, a horas a iguais às outras. O nosso país é como um papel químico de má qualidade do que de mais hediondo se faz lá fora. Tirando alguns exemplos refrescantes, tudo o resto é um longo e extenuante deserto. Marrocos é já ali ao lado e ao menos eles têm tapetes bonitos.