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merda no sapato: Aristótes contra Sócras - Dia 1

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Aristótes contra Sócras - Dia 1



Encontrei-me com eles. Estava uma noite fria e chuvosa. Debatiam de forma acesa,como sempre. Não quis ser mal educado, mas já desde o dia anterior que andava com uma dúvida.


Stephane - Amigos, estive a reflectir e a pergunta que vos deixo é se o mundo estará ou não cheio de pássaros. Sempre ouvi opiniões divergentes e gostaria de ficar melhor elucidado em relação a esta temática, de modo a efectuar uma tese a propósito da vida animal e do PH neutro dos sabões Dove.

Sócras - Claro jovem Stephane, tenho sempre muito gosto em poder-te ajudar. Creio que o mundo não está de todo cheio de pássaros. Se reparares não existem tantos pássaros assim. Como certamente saberás, através do estudo da biologia, as aves nem sequer são a espécie predominante no nosso planeta, mas sim os mamíferos, do qual julgo tu fazeres parte. Nesse caso seria muito mais lícito afirmar-se que o mundo está cheio de mamíferos. Para além disso, o conceito "cheio" pressupõe a inexistência do vazio, de vácuo ou de qualquer outro tipo de matéria sem substância. Como podes ver olhando para cima, tu não vês apenas pássaros mas também a atmosfera circundante, e que eu saiba, até ver, a atmosfera não é ainda composta de aves. Para além disso mesmo que assim fosse, seria impraticável à espécie executar aquilo que lhe é legítimo por natureza, o que constitui verdadeiramente a sua essência - o acto de voar. Deixariam de ser pássaros. Caso o mundo estivesse cheio de espécies voadoras, o ambiente circundante à terra e até a própria terra estaria repleta por eles, estariamos ligados por uma espécie de massa Passarascal como que um cordão umbilical à nossa mãe-terra se tratásse. A própria terra não passaria de um gigante conjunto de pássaros, uns em cima dos outros, os outros em cima de uns, erguendo-se qual torre de Babbel. O planeta deixaria de fazer sentido e em vez de Terra-mãe teriamos de usar a expressão Mãe-Pássara, o que certamente tem tanto de pouco abonatório como de púdico e repudiável.

Aristótes - Eloquente o teu discurso nobre Sócras, mas não convincente. É do meu crer que a questão evocada por Stephane, nada a ver tem com essa sequência de pensamentos descabidos. Baralháste completamente a questão a favor da tua retórica, mas isso de nada te valerá, pois a mim não enganas. O que o autor deste blog quis saber quis saber foi - se o mundo estava "cheio de pássaros", no sentido de estar farto dos pássaros. E o mundo está, de facto, farto dos pássaros.
Esta malfadada espécie povoa o globo que nem uma praga. Multiplicam-se, cagam-nos na cabeça, nos carros, nas estátuas, nas escadas e depois fogem cobardemente num bater de asas. Desde o início dos tempos que nos torturam o imaginário, acabando por fazer com que um dos maiores anseios da humanidade seja imitá-los e voar. Como seria bom podermos voar sobre as nuvens sem nada nos preocuparmos, cagando na cabeça de quem a vontade nos ditasse. Mas, infelizmente este intento só há bem pouco tempo teve sucesso, parcial pois cagar na cabeça das pessoas é ainda praticamente inexequível, a menos que o façamos do alto de uma janela. Julgo ser óbvio que os pássaros trouxeram mais resultados negativos do que propriamente bons. Os pássaros deveriam, no meu entender serem todos eliminados, e por causa disso declaro desde já aberta a época da caça. Beijinhos.

Stephane - Realmente o que eu havia perguntado era se o mundo estava cheio de pássaros, no sentido de estar preenchido por pássaros. Concordo com o ponto de vista exposto por Sócras e agradece-lho a códia de pão que me autorgou para vigiar no interior do meu estômago, no fim do seu brilhante discurso, um discurso que teve tanto de genial, como de científico. O mundo não está de todo cheio de pássaros, e o sabão Dove faz bem à pele