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merda no sapato: dezembro 2005

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Natal de 2005

E pronto já passou mais um Natal, outravez a mesma coisa, o mesmo materialismo e capitalismo selvagem, a mesma corrida e stress de sempre, a esta hora o menino Jesus, coitado, deve estar a contorcer-se no berço. Já não bastava ser filho ilegitimo do dono do BES, como ainda por cima todos os anos vê um tipo velho, gordo e barrigudo, que julga ver renas e gnomos mágicos, ultrapassá-lo no imaginário católico-cristão.
As coisas decididamente mudaram muito desde os últimos anos para cá. Julgo não estar sozinho quando peço ao messias para que volte à vida terrena e faça qualquer coisa, mas que se mantenha escondido, não vá alguém vê-lo e fazer uma segunda edição do Jesus Christ Super Star.
O meu Natal? O meu Natal foi igual a todos os outros, o tempo passado com os primos, os tios e os avós. O tempo passado com os pais e a irmã. Os bacalhaus e os perús
que somos obrigados a comer, um a seguir ao outro, o outro a seguir a um, e assim consecutivamente. O estômago que parece bradar de tão dorido
que está. Os gases intestinais advindos da ânsia de comer tudo aquilo o mais depressa possível. Os primos mais novos que todos os anos fazem questão
de nos brindar com um portentoso pontapé nos tomates em jeito de saudação, de cumprimento, de demonstração de carinho, de despedida... Os pais que não param de
nos comparar aos primos, os tios que nos comparam aos filhos, os filhos que comparam os pais, os avôs demasiado bêbados para se compararem... Já para não falar do alegre canto dos telemóveis alertando-nos para as mensagens embuídas do espírito da época, mensagens essas que, mesmo após lidas trinta e sete vezes, continuam a não fazer qualquer tipo de sentido, apesar de estarem sempre escritas em verso. As avós que nos obrigam a ir na véspera e no dia de Natal à igreja. As meias com raquetes ou com figuras do Walt Disney que todos os anos recebemos de pelo menos uma das tias, isto mesmo apesar de já termos vinte e um anos. O Primo que desde que entrou para Medicina nunca mais ligou à família (provavelmente deve preferir passar o natal na morgue, sempre duvidei das práticas sexuais daquele primo.) Os familiares estrangeiros que nos chamam desde João a Luís e que todos os anos nos oferecem cds com Hits franceses, sob a promessa de estarmos diante de um belo exemplar de música jovem. As músicas irritantes dos pinheiros de Natal. Os pais natais trepadores pendurados nas paredes. A programação da TVI e da SIC, provavelmente os momentos de televisão mais rídiculos desde que Mário Soares afirmou ser um MP3. Enfim tudo, tudo tem tanto de irritante, como de irritantemente belo, pois são estas pequenas e estúpidas coisas que me fazem adorar o Natal. Pelo menos o dos outros.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Natal


Renas? Trenós? Presépios? Luzes? Árvores de natal? O Natal para mim é como o Carnaval, sem a parte do Pai natal... e as outras coisas. É mesmo revoltante, deprimente. É por isso que decido todos os anos ficar em casa com a família, só juntos conseguimos superar tudo isto. Sabem, o que me revolta mais é que se idoletram falsos ídolos. É tudo tão falso e vago. O que é feito do menino jesus, o que é feito dos reis magos, o que é feito do Ecoman? Pai natal? Ninguém me convence que o Pai natal não é o Avô cantigas. Já desde miúdo que tenho esta suspeita, mas o pessoal com quem ando goza-me e diz que não, que isso não é possível, que são completamente diferentes. Não compreendo, é tão óbvio! É só preciso ter olhos na cara. Outra coisa que não percebo é porque é que de cada vez que digo isto me batem e chamam nomes, muito menos porque é que só o fazem umas horas depois, semanas depois ou até mesmo no dia ou semana anterior, vezes e vezes sem conta. Lembro-me que ainda há pouco tempo me meteram dentro de um contentor do lixo. Para a minha sorte no aterro lá resolveram que eu era bio-desagradável. Salvei-me de boa, pelo menos foi o que pensei, até o Senhor Joaquim, o camionista lá do sítio me fazer uma visita guiada à incineradora.
Hoje falo-vos como um defunto, aliás esse é o motivo pa ter estado tanto tempo sem escrever, e digo-vos, o natal é uma fantochada, é tudo uma invenção com fins comerciais. O pai natal nem sequer existe, o avô cantigas também não. Nunca ninguém pós os pés na lua, aliás a lua não passa de uma gigante bola de queijo flamengo.

Tenho dito.