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merda no sapato: dezembro 2006

domingo, dezembro 31, 2006

Feliz ano novo

Desejo a todos os meus leitores, a todos que não me lêem, e a todos que não sabem ler um feliz ano de 2007. Que seja o primeiro de muitos dos anos mais felizes das nossas vidas.

Pronto, já está.

Já enforcaram o antigo líder do regime Iraquiano. Resta esperar pelo seguinte, e pelo seguinte e pelo seguinte, até que as cordas se extingam. O julgamento pareceu-me tendencioso, o facto de o juiz ser curdo era uma evidência demasiado óbvia. Relembre-se que que Saddam foi incriminado pelo massacre dos Curdos e dos Suniitas, naquilo a que intitularam, e justamente a meu ver, como crimes contra a humanidade.
No final da execução foram perceptíveis vestígios de sangue à volta do lenço que lhe cobria o pescoço e há já quem defenda que tenha sido espancado e não enforcado. Ético ou não, bárbaro ou não, parece-me compreensível que ajam dessa forma, até porque seria muito difícil fazer justiça a um tão maquiavélico tirano. A única pena que tenho é que George W. Bush e Tony Blair não tenham tido a mesma sentença, por atentado contra a humanidade, contra a humanidade das milhares e milhares de vítimas inocentes, mortas simplesmente para satisfazer desejos mórbidos e monopolistas.
Não me parece que a melhor forma de libertar um povo da opressão seja exterminá-lo. Tudo bem que, dado ao estado que a morte acarreta, eles não estejam mais sobre um domínio autocrático, mas teria sido uma boa ideia, sei lá, digo eu, deixá-los experienciar tal liberdade através de um estado anímico, e não através de um caixão ou do subsolo.
George W. Bush instado a comentar o caso congratulou-se com a morte de Saddam, considerando o feito como "Um marco na história do Iraque rumo à democracia". Sim, de facto, com a raiva que os Iraquianos estão a todo o Ocidente, o mais natural é caminharem a passos largos e contentes rumo a uma democracia, onde todos, livremente, e por espontânea vontade planeiam a morte violenta de ocidentais.
O presidente dos EUA esqueceu-se de um pequeno pormenor, os Iraquianos ou são tiranos ou querem ser governados por eles. Esqueceu-se que o estado de opressão que o regime capitalista exerce sobre o hemisfério Sul faz com que o maior anseio da maior parte dos Islâmicos seja uma Jihad, para se vingarem sobre os Cristãos de tal estado de miséria. E "Tal" já vem do tempo dos Mouros. Bush esqueceu-se de perguntar a si mesmo, ou então até perguntou, mas não fez questão, de como se resolveria por via não bélica o problema Árabe. Talvez seja melhor para os Americanos fabricarem armas, vendê-las, alimentar toda uma indústria e armazenar petróleo do que uma solução pacífica para o Médio Oriente. Talvez.
Quem se apressou a criticar a execução de Hussein foi o Vaticano. Acho estranho não criticarem de igual forma, o extermínio, por forca e cremação viva, por altura da inquisição, de milhões de não Cristãos, nem criticarem as Cruzadas, nem as chamadas missões de Cristianização, do qual Portugal teve um papel prolífico. É igualmente estranho não se responsabilizarem pela morte de milhões de pessoas com HIV, simplesmente porque julgam que o uso de contraceptivos é pecaminoso. Morrer putrefacto é santo, porém condenar à morte São Saddam de Bagdad é coisa do demónio. Já agora... até gostaria de saber como chegaram à conclusão que o uso de preservativos é pecado... Terá Jesus nas suas parábolas mencionado o assunto? "Daqui a 2000 anos, avisem os trisnetos dos trisnetos dos vossos trisnetos que não podem usar aqueles saquinhos de plástico nas pilinhas! hmm... e surgiram os peixes!" Ou... esperem lá... Terá Ratzinger um número de telefone aberto com Deus. "Está lá? Deus!? É O Joseph... Olha e preservativos?" - "Não!" - "Ah, ok. Obrigado!"

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Wikipeida

Apercebi-me que nunca usei a palavra espécimen num texto meu. É triste e martirizo-me por isso. Martirizo-me por isso traçando, com um xizato, três linhas absolutamente simétricas desde a zona lombar até ao joelho direito. Mas nunca é tarde de mais na vida para nada e aproveito a altura para o rectificar. Não vá esquecer-me. De qualquer forma, não era sobre isso que vos pretendia falar.
Há pouco enganei-me a escrever a entrada do site da wikipedia.org. Pus-me a pensar naquilo - "Wikipeida... Wiki... peida... hmm... Um rabo comunitário...". Confesso que me deixou um tanto perplexo. É estranho, com o avanço da tecnologia, como é que ninguém ainda se lembrou de pegar neste conceito. Seria uma excelente forma de aliar duas indústrias em contínuo crescimento: a Internet e a prostituição. Isto, se se confirmar que aquele tipo preso em Inglaterra seja, de facto, o culpado dos crimes de assassinato das cinco mulheres... (não vá o diabo tecer e a chacina de concubinagem perpetuar.) Caso contrário, mesmo com uma possível exterminação total, também haveriam umas miúdas mais dadas a quem a ideia poderia ser estimulante. Não rameiras, não rameiras no verdadeiro sentido da palavra, mas concubinas à mesma, de outros jeitos, jeitos digamos que Duty Free, a exemplo de alguns produtos nos aeroportos Ingleses, e alguns produtos a chegar a aeroportos de praias ocidentais, em forma de turistas provenientes dos aeroportos Ingleses...
Não quero ser intriguista. Respeito perfeitamente as opções sexuais de toda a gente, só acho estranho o desfasamento de mentalidades comparativamente à Idade Média, altura em que para se ter relações sexuais, ou troca de fluídos, para aligeirar a coisa para os púdicos, os Britânicos tinham de afixar uma espécie de cartaz às portas de suas casas, após um requerimento sujeito a avaliação por parte do rei, avisando que naquela altura se estava a dar uma foirada, uma pinadela, uma foda, para maximizar a coisa para os púbicos. O cartaz pendurava-se nas portas e continha a palavra "F.U.C.K.", daí o termo usado hoje na língua de Shakespear. Na altura significava - FORNICATION UNDER THE CONSENTIMENT OF THE KING (Fornicação sob o consentimento do Rei). A mudança é talvez fruto da Revolução Industrial, e do Protestantismo. E ainda bem para nós machos latinos, do qual faço questão de me incluir por questão de solidariedade, dos outros para comigo. O fumo das indústrias deve ter obstruído as vias sanguíneas que irrigam o cérebro das tipas, e ainda bem que assim foi, volto-o a dizer... caso contrário os meus sete filhos não estariam a receber uma pensão de alimentos tão boa e eu não teria montado aquela loja de tráfico de rgãos ao lado do McDonald`s. Estou muito grato a Deus, a quem a todos meses, por questão de fé, faço questão de entregar na sede da IURD, 60 % dos meus recursos. Foi uma sorte incrível ter comprado aquele estabelecimento e a última turista com quem andei, trabalhar no ramo da cosmética e me ter dado aquele eyeliner e aquele pó talco que tanto me faz parecer com um Chinês.

domingo, dezembro 24, 2006

Neste Natal

Neste Natal não desejo muito. Desejo que não apanhem Sida, que não morram de Cancro, que não tenham um acidente desastroso de avião, ou de carro, que não sejam despedidos, assassinados, ou bombardeados, que não sejam raptados pela CIA, que não morram queimados, afogados, ou atropelados por um camião de madeira. Desejo que não se tornem hirómanos, viciados em crack, ou em outras drogas. Desejo que procurem o amor em cada segundo desta ténue intermitência que é a vida. Desejo que as pensões e os salários aumentem, que não vos caia um piano ou um cabo de alta-tensão em cima. Desejo mais igualdade social entre homens e mulheres. Desejo que o racismo e o fanatismo religioso acabe, desejo que não passem fome. Desejo o desarmamento, o perdão da dívida dos países sub-desenvolvidos, desejo que parem de explorar os oprimidos. Desejo que não calem nem consintam. Desejo que vivam. Desejo soluções. Desejo empenhamento. Desejo altruísmo.
Lutem por serem felizes, e lutem para que todos assim sejam. Feliz natal e boas vidas.

E a ti... desejo-te. Muito.

Ah... e já agora aquele portátil também era bacano.

Pinto salgado

Depois do caso José Veiga, em que este jura com todos os seus dentes empresários, provavelmente mentirosos, estar inocente dos crimes de invasão fiscal e desvio de dinheiro, é caso para dizer que o pintainho, tal como o bacalhau, está esfiapado e Salgado. Só falta mesmo ser comido pelos abutres da opinião e do ministério público. E que melhor altura para isso do que o Natal. São Nicolau não poderia ter sido mais generoso com Luís Filipe Vieira, Dias da Cunha e seus pares. Não quero, tomar partidos, nem tão pouco, numa altura tão prematura, tão alegre e natalícia como esta, atirar ao desbarato juízos de valor, mas o tipo nunca me pareceu honesto. Nem mesmo quando trouxe aquele valioso marfim para o país, nem mesmo quando pagou todas aquelas viagens e ofertou todas aquelas meninas de alterne aos árbitros. Seria de admirar que em Portugal o futebol fosse limpo, quando num país mais ou menos civilizado como a Itália tal não se sucede(u?). Mas o caso não é único. Parece que o Presidente da Académica de Coimbra também é suspeito de peculato, assim como um conterrâneo, dirigente de um centro social, assim como a polícia municipal de Braga, assim como a Câmara de Gondomar e Valentim Loureiro, assim como o BES, assim como Fátima Felgueiras, assim como o BCP, o Finibanco e o BPN, assim como foi Vale e Azevedo. Assim como comem os porcos da pia dos outros.
Vêem uma tendência aqui? Eu não gosto nada de estereotipar as coisas, nada mesmo, a menos que elas tenham piada, e a verdade é que a maior parte destas pessoas provêem de mundos estranhamente híbridos do futebol e da política. Não gosto de meter tudo no mesmo saco, mas seria interessante que naquele azul de Fátima Felgueiras coubessem as lontras que são o Bernard Tápie, o Pinto da Costa, o defunto Gil y Gil, o Valentim Loureiro, o Berlusconi, Luciano Moggi. Eu sei que o cheiro poderia não ser muito agradável, mas quem sabe se teria alguma utilidade para a agricultura, dizem que o exterco animal sempre foi bastante eficiente.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Natal

Ao contrário da maior parte das pessoas, cada vez acredito-me menos no Natal. No Pai natal sim, que nos obriga a comprar prendas e alimentar os vícios dos grandes patrões. Mas, no Natal não. Tenho procurado em cada rosto restos de altruísmo, de um altruísmo puro e, não o nego, por vezes encontro-o. Mas torna-se cada vez mais claro para mim que tal não passa de uma excepção a confirmar uma regra de um verdadeiro egoísmo inerente à própria condição humana. Um egoísmo que não damos conta, um egoísmo que nos alimenta o ego - "Eu é que sou especial, eu é que mereço!". É um pouco triste. Não quero dar-me por puritano, antes pelo contrário, eu próprio, sou assim algumas vezes. Mesmo não tendo conhecimento. Assim sendo, só me resta uma solução, só me resta saber lidar com o meu e o vosso lado animal, admitir que todos temos necessidades, que no mundo impera a lei do mais forte, e que a vida não passa de um longo jogo de xadrez. Podíamos era tentar fazer com que aos mais fracos sobrasse alguma dignidade. Não é... seus meninos... fraquinhos! Fraquinhos! Coitadinhos... Vou lançar um cd e reverter 2 % dos milhões de milhões de milhões de dólares que vou ganhar a ajudar-vos... coitadinhos...

Indefinições

Longe,
bem longe,
um ponto negro no horizonte.
Uma sombria e seca fonte,
um olhar cego
e vago, um acreditar leigo,
inocente. Uma porta fechada, completamente cerrada.
Um nada, um vazio, um vazio que é tudo.

Um tentar esquecer
e não poder.

Um caminhar por ruas desconhecidas
rumo a terras perdidas.
Ruas, becos sem saída.
Um andar ás voltas
e uma estúpida ansiedade
uma estúpida ansiedade.

e não te ter
e não te ter
e não te ter

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Aristótes contra Sócras - Dia 1



Encontrei-me com eles. Estava uma noite fria e chuvosa. Debatiam de forma acesa,como sempre. Não quis ser mal educado, mas já desde o dia anterior que andava com uma dúvida.


Stephane - Amigos, estive a reflectir e a pergunta que vos deixo é se o mundo estará ou não cheio de pássaros. Sempre ouvi opiniões divergentes e gostaria de ficar melhor elucidado em relação a esta temática, de modo a efectuar uma tese a propósito da vida animal e do PH neutro dos sabões Dove.

Sócras - Claro jovem Stephane, tenho sempre muito gosto em poder-te ajudar. Creio que o mundo não está de todo cheio de pássaros. Se reparares não existem tantos pássaros assim. Como certamente saberás, através do estudo da biologia, as aves nem sequer são a espécie predominante no nosso planeta, mas sim os mamíferos, do qual julgo tu fazeres parte. Nesse caso seria muito mais lícito afirmar-se que o mundo está cheio de mamíferos. Para além disso, o conceito "cheio" pressupõe a inexistência do vazio, de vácuo ou de qualquer outro tipo de matéria sem substância. Como podes ver olhando para cima, tu não vês apenas pássaros mas também a atmosfera circundante, e que eu saiba, até ver, a atmosfera não é ainda composta de aves. Para além disso mesmo que assim fosse, seria impraticável à espécie executar aquilo que lhe é legítimo por natureza, o que constitui verdadeiramente a sua essência - o acto de voar. Deixariam de ser pássaros. Caso o mundo estivesse cheio de espécies voadoras, o ambiente circundante à terra e até a própria terra estaria repleta por eles, estariamos ligados por uma espécie de massa Passarascal como que um cordão umbilical à nossa mãe-terra se tratásse. A própria terra não passaria de um gigante conjunto de pássaros, uns em cima dos outros, os outros em cima de uns, erguendo-se qual torre de Babbel. O planeta deixaria de fazer sentido e em vez de Terra-mãe teriamos de usar a expressão Mãe-Pássara, o que certamente tem tanto de pouco abonatório como de púdico e repudiável.

Aristótes - Eloquente o teu discurso nobre Sócras, mas não convincente. É do meu crer que a questão evocada por Stephane, nada a ver tem com essa sequência de pensamentos descabidos. Baralháste completamente a questão a favor da tua retórica, mas isso de nada te valerá, pois a mim não enganas. O que o autor deste blog quis saber quis saber foi - se o mundo estava "cheio de pássaros", no sentido de estar farto dos pássaros. E o mundo está, de facto, farto dos pássaros.
Esta malfadada espécie povoa o globo que nem uma praga. Multiplicam-se, cagam-nos na cabeça, nos carros, nas estátuas, nas escadas e depois fogem cobardemente num bater de asas. Desde o início dos tempos que nos torturam o imaginário, acabando por fazer com que um dos maiores anseios da humanidade seja imitá-los e voar. Como seria bom podermos voar sobre as nuvens sem nada nos preocuparmos, cagando na cabeça de quem a vontade nos ditasse. Mas, infelizmente este intento só há bem pouco tempo teve sucesso, parcial pois cagar na cabeça das pessoas é ainda praticamente inexequível, a menos que o façamos do alto de uma janela. Julgo ser óbvio que os pássaros trouxeram mais resultados negativos do que propriamente bons. Os pássaros deveriam, no meu entender serem todos eliminados, e por causa disso declaro desde já aberta a época da caça. Beijinhos.

Stephane - Realmente o que eu havia perguntado era se o mundo estava cheio de pássaros, no sentido de estar preenchido por pássaros. Concordo com o ponto de vista exposto por Sócras e agradece-lho a códia de pão que me autorgou para vigiar no interior do meu estômago, no fim do seu brilhante discurso, um discurso que teve tanto de genial, como de científico. O mundo não está de todo cheio de pássaros, e o sabão Dove faz bem à pele

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Aristótes contra Sócras - Dia 0



Dois individuos vagabundeando nas escadas da Câmara Municipal de Lisboa rebolam de um jeito estranho até ao pé de uma caixa de tons castanhos. Um tem o cabelo escuro o outro cheira a uma mistura de cebadouro com chouriço.

Aristótes - Caro Sócras, é da minha opinião que deveriamos participar num blog, num sítio onde pudessem, de facto, ver o nosso confronto ideológico. Como grande pensante luso-helénico que sou ,sinto-me farto do anonimato. Sinto saudades dos áureos tempos do passado. Não penses que quero fama, nobre amigo, simplesmente desejo uma esfera-pública onde possamos desafiar o poder da nossa retórica. Espero que compreendas o meu intento... e que por favor saias da minha caixa... Bem, como estava a dizer... Porra... Arranja uma caixa só para ti oh cabrão! Tira daí as mãos! Raios!

Sócras - Qual Caixa?! Não sejas tão redundante... Não me tentes enganar. Não tens autoridade para me retirares do Hades!!

A - Hades? Hades o caralho! Se isto é o Hades eu sou a barragem do Alqueva... Isto não passa de uma caixa! Qual Hades? Ainda te acreditas nisso? Meus deuses!! Maldito seja aquele que inventou a mitologia helénica... se eu apanho esse tal Buda esfolo-o. Budistas da treta! Reencarnação da treta... bah!!

S - Cão infiel, não me tentes enganar, nós não reencarnámos. Não tentes persuadir-me que isto não é o Hades. Ok que pode não ser tão bom como imaginavamos mas também não exageres. Para além disso isto nem sequer é uma caixa, é um caixote!

A - Caixote... caixa... tudo a mesma coisa...

S - Não é um caixote, nem uma caixa, já te disse eu. É o Hades - o esplendoroso Hades!!

A - Hades... Hades lá ir Hades! Já te disse para saíres da minha caixa! Tira a mão! Budistas de merda!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Boémia

No fim-de-semana passado saí com uns amigos. Tinha prometido a mim mesmo voltar cedo para começar alguns trabalhos pendentes, mas as coisas acabaram por não acontecer como estava à espera. Da meia-noite fui ficando até à uma, da uma até às duas, das duas às três, e por aí adiante. Para além disso, à medida que ia ficando no bar ia também bebendo nas mesmas e exactas proporções. Isto é, se à uma hora estava com uma cerveja na mão, às duas estava com duas, às três com três e às quatro com quatro. Desengane-se, no entanto, quem julgue que não havia começado ainda a beber. A grande pergunta naquele momento era quando. Quando tinha começado a beber? Aliás em que sítio é que eu estava? E porquê o motivo do motivo das coisas?
Pelo que me recordo, a coisa começou quando um meu amigo, e colega de curso, o Marcos, me desafiou o lado artístico - "Como podes algum dia vir a ser um artista, se não és boémio? Todos os artistas são boémios! São bêbados, drogados, proxenetas e tem herpes labial! Olha para mim! Estou completamente bêbado! E isto é só o início! Tens que começar a treinar!"
Eu claro, não me querendo ver atrás, comecei desenfreadamente a ingerir o líquido de Baco.
Sim, é verdade que descobri o meu lado artístico, principalmente quando comecei a tentar engatar um caixote do lixo, e depois, numa altura em que pintei em casa, à custa das minhas entranhas, um belo quadro sobre o horror, o nefasto, e o tenebroso, através de um potente vómito no lavabo da minha casa de banho! Sim é verdade tudo isso, mas o que acontece é que os pais do meu colega de quarto, o Roberto, viriam algumas horas depois. Já o resto prefiro que sejam vocês a imaginar.